Crédito da foto: Alexandre Netto/ALMG
Lucas Lasmar quer garantir antídotos contra picadas de animais peçonhentos nos hospitais mineiros
O deputado estadual Lucas Lasmar (Rede) apresentou um projeto de lei (PL 3202/2024) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que exige que todos os hospitais de Minas Gerais mantenham em estoque antídotos para picadas de cobras, escorpiões, aranhas, abelhas e outros insetos que possam causar reações graves.
A proposta recebeu o nome de Lei Álvaro Matias, em homenagem a uma criança de 5 anos que faleceu em novembro deste ano, após ser picada por um escorpião nas dependências da Universidade Federal de Lavras, um caso que comoveu o Estado.
Caso recente em Oliveira reacende o alerta
No último sábado (14/12), João Lucas, também de 5 anos, foi picado por um escorpião no Campo do Fabril, em Oliveira, durante um evento esportivo. O acidente aconteceu por volta das 8h, quando o menino pegou um colete. Ele foi levado rapidamente ao Hospital de Oliveira, mas a unidade não possuía o soro antiescorpiônico.
A equipe médica acionou o SAMU, que buscou o medicamento em Campo Belo, a 60 quilômetros de distância. Após ser estabilizado, o garoto foi transferido de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, referência em casos graves de intoxicação, e vem apresentado melhora.
Números preocupantes de acidentes com animais peçonhentos
De janeiro a outubro de 2024, o Hospital João XXIII, por meio do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais (CIATox-MG), atendeu 2.821 vítimas de acidentes com animais venenosos. Desse total, 1.303 casos foram picadas de escorpião, o equivalente a quase metade das ocorrências. Segundo o CIATox, esses casos são mais graves em crianças menores de sete anos, idosos e pessoas com problemas cardíacos ou pulmonares.
Pesquisa escolar mostra alta incidência de escorpiões
A preocupação com escorpiões tem crescido em Oliveira. Estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Pinheiro Campos apresentaram recentemente uma pesquisa sobre o escorpião-amarelo, o mais venenoso da América do Sul. O estudo analisou mais de 200 residências nos bairros Pedra Negra, Novo Horizonte e Retiro das Pedras. Segundo os estudantes, esses bairros são mais afetados por causa do acúmulo de entulhos e da proximidade com pedreiras. Os resultados revelaram que o escorpião foi encontrado em 61% das casas pesquisadas, e 29% dos entrevistados relataram já terem sido picados.
Falta de antídotos: um problema em todo o Estado
A escassez de soros contra picadas de animais venenosos em Minas Gerais se arrasta desde 2015. Na época, os Institutos Butantan (SP) e Vital Brazil (RJ) foram reformados para se adequar às normas de Boas Práticas de Fabricação da Anvisa.
Embora a produção tenha sido retomada nos dois institutos, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, nunca finalizou sua reforma. Sem as adaptações exigidas pela Anvisa, a produção de soros segue paralisada.
“O governo precisa terminar a reforma da fábrica de soros da Funed. Já realizamos duas audiências públicas para cobrar esclarecimentos da direção sobre os atrasos nas obras. Enquanto o tempo passa, os hospitais do Estado seguem desabastecidos e muitas pessoas perdem a vida, especialmente crianças. Isso não pode continuar dessa forma no Estado ”, criticou Lucas Lasmar.