Foto: Daniel Protzner/ALMG
Mais suporte psicológico para pais e cuidadores de pessoas com deficiência
O deputado estadual Lucas Lasmar (Rede) apresentou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o Projeto de Lei 1865/2023, que visa prevenir depressão e suicídio entre pais e cuidadores de pessoas com deficiência. O projeto propõe a criação de um programa de saúde mental que ofereça atendimento psicológico online, com foco em acolhimento após o diagnóstico, informações sobre a doença e acompanhamento para aceitação e conscientização dos familiares.
Dados do Instituto Baresi indicam que cerca de 78% dos pais abandonam as mães de crianças com deficiências e doenças raras antes dos filhos completarem cinco anos. Cristiane de Sá, assessora parlamentar, vivenciou essa realidade. Sua filha foi diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença rara que causa perda do controle muscular. “Foram 10 meses em busca do diagnóstico. Quando descobrimos que era AME, eu tinha 29 anos e não trabalhava. Quando minha filha completou sete anos, veio o pedido de divórcio. Foi um período de muita depressão”, relata. Hoje, sua filha, com 16 anos, estuda, e Cristiane trabalha. No entanto, a rotina ainda é desafiadora: “Quando minha filha fica gripada, preciso correr pra casa a cada duas horas para fazer fisioterapia respiratória, porque a pessoa com AME não tem força para tossir.”
Anarilene Silveira, mãe de um menino com Transtorno do Espectro Autista, também aponta a falta de apoio psicológico. “Acho que faz muita falta esse suporte, um psicólogo para ouvir e ajudar a gente. Faço terapia pelo Programa de Saúde da Família, mas as sessões são bem espaçadas”, comenta.
O deputado Lucas Lasmar ressalta que o cuidado com filhos com deficiência recai majoritariamente sobre as mães. “Muitas mães deixam o emprego, lutam por uma escola para os filhos com deficiência e enfrentam preconceitos e capacitismo diariamente. Defendemos a criação de políticas públicas para cuidar de quem cuida. O Estado, em parceria com ONGs, universidades e a sociedade civil, precisa oferecer suporte para que pais e cuidadores possam enfrentar essa sobrecarga.”
O Projeto de Lei 1865/2023 já foi aprovado pelas Comissões de Constituição e Justiça e de Saúde, e agora será avaliado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da ALMG.